Algumas comunidades se tornaram tradicionais na bacia hidrográfica do rio São Francisco. Os Vazanteiros, os Quilombolas, as comunidades dos Fundos e Fechos de Pasto, os povos indígenas são alguns desses povos que não só vivem na região, como sobrevivem do rio.
A comunidade dos Fundos e Fechos de Pasto teve origem no século XVII, mas foi redescoberta apenas recentemente. Seu modo de vida é mais tradicional, eles criam animais e praticam a agricultura pelos sertões da Caatinga e do Cerrado da bacia hidrográfica do rio São Francisco, vivendo basicamente em posses familiares ou comunitárias, como o fundo das roças destinadas a criatório de caprinos, ovinos (fundos) e gado (fechos).
Os Vazanteiros são comunidades que vivem e trabalham nas áreas inundáveis do Médio São Francisco, mais precisamente na região Norte de Minas Gerais e em algumas outras localidades fora da bacia. Eles trazem consigo raízes indígenas e negras, mas recebem bastante influência da vida ribeirinha da bacia. Essas comunidades são caracterizadas pelo modo de vida ligado ao rio, habitam as ilhas e barrancos do rio São Francisco e vivem para observá-lo, já que suas moradias e meios de sustento dependem do nível da água para realizar a pesca, agricultura, a criação animal e o extrativismo, associados aos ciclos da enchente, cheia, vazante e seca.
70 mil índios habitam a bacia do rio São Francisco. São 32 povos indígenas vivendo e sobrevivendo desse rio que, apesar de estar pedindo socorro, sustenta muitas e muitas famílias, inclusive as dos próprios índios. Apesar de sofrerem com a degradação do rio São Francisco, que está sendo prejudicado com a gana do crescimento econômico e com problemas ambientais, o Velho Chico é para os índios fonte de subsistência e referência de vida e cultura.
Já os Quilombolas, tem a presença forte na Bahia e em Minas Gerais. A origem dos negros na bacia do São Francisco firmou-se quando foi desenvolvida extensivamente a pecuária em suas margens, por volta do século XVII. Desde então, são conhecidos lugares chamados “quilombos”, local para onde os escravos iam quando fugiam para ganhar sua autonomia.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco está sempre promovendo encontros com essas comunidades, com o objetivo de discutir a situação delas, dos seus direitos e também programas sobre a revitalização do rio São Francisco. Nesse sentido, há um ano o Comitê entregou à comunidade indígena Pankará, de Pernambuco, o sistema de abastecimento de água, totalmente financiado com os recursos advindos da cobrança pelo uso da água. Também os quilombolas do povoado de Resinas, em Sergipe, recebeu uma estrada vicinal de acesso ao povoado. Está em andamento o projeto de construção de um sistema de abastecimento de água para a tribo dos Kariri-Xocó, de Alagoas. Buraquinhos (MG), quilombo onde vivem 25 famílias, também foi beneficiado com a reforma da estrada que o povoado ao município de Chapada Gaúcha.
Essas comunidades dependem do rio São Francisco. Por isso, precisamos manter o Velho Chico Vivo! Entre nessa luta com a gente.