É na foz do Velho Chico que se situa o município de Piaçabuçu. Com uma população estimada em cerca de 18 mil habitantes, os pontos fortes da cidade são o turismo e a pesca.
O rio São Francisco é fonte de alimento e de renda para seus moradores. De acordo com dados da Secretaria de Pesca, Aquicultura e Desenvolvimento Econômico de Piaçabuçu, há 4.303 pescadores cadastrados. E todos, sem exceção, entendem que é preciso cuidar do Velho Chico para que ele continue sendo meio de sustento das famílias que dependem dele.
Pesca: fonte de renda
O secretário de Pesca, Aquicultura e Desenvolvimento Econômico de Piaçabuçu, Alípio Araújo, explica que a única fonte de renda no município para os moradores atualmente é a pesca. “Antigamente havia outras fontes, como o arroz, o coco. Só que as fábricas para a produção do arroz foram fechadas e isso restringiu as opções de trabalho dos piaçabuçuenses”.
A artesã e pescadora Mariza Menezes ressalta a importância de manter o rio São Francisco preservado: “Lutamos diariamente a favor do Velho Chico porque é dele que tiramos parte do sustento da casa. Sem o rio minha vida seria bem diferente. Essa foi a profissão que aprendi e gosto do que faço”, disse.
Entoa o mesmo coro, a pescadora Maria José Nunes, que há 30 anos exerce a profissão. “Temos que manter o rio São Francisco limpo, preservado. É uma preocupação diária com relação ao meio ambiente. Eu realmente não sei o que seria de mim sem ele, por isso eu viro carranca para defender o Velho Chico”, afirma.
Almir Rogério, também pescador, guarda a mesma preocupação: “O rio São Francisco significa muito para mim, logo continuarei lutando pela sua preservação. Ele dá alimento e sustento e não pode deixar de existir”.
Saneamento
O coordenador de Meio Ambiente de Piaçabuçu, Otávio Augusto, contou que infelizmente o município ainda realiza a disposição incorreta do seus efluentes no rio São Francisco e a atuação dos gestores municipais tem sido realizada de forma bem tímida para minimizar esse problema.
Em 2018, o município foi contemplado com o Plano Municipal de Saneamento Básico, financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, através da Agência Peixe Vivo. Agora, o município pretende executar o Plano. “O apoio do Comitê nestas ações a favor da preservação do rio São Francisco é muito importante. Piaçabuçu vem trabalhando a recuperação de matas ciliares com o apoio de algumas empresas e isso tem sido fundamental para conservar o nosso patrimônio hidrográfico. Entretanto, sabemos que são necessários projetos e programas de educação ambiental de maior robustez para recuperar nascentes, matas ciliares, dentre outros pontos, a fim de evitar danos ao rio São Francisco. Precisamos, sem dúvida, continuar lutando e virar carranca para defender o Velho Chico”, disse Otávio.
Preservação
De acordo com o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, o município é um dos que têm mais áreas de preservação permanente na bacia do São Francisco. “A cidade possui uma parte considerável de Área de Proteção Ambiental no âmbito federal, que é a APA de Piaçabuçu e outra, que é uma APA da Marituba do Peixe, essa de domínio estadual. É bom ressaltar que o município tem preservado essas áreas, mas além disso é importante que a gestão municipal possa desenvolver mais ações conjuntas com o Comitê da mesma forma que nós estamos apoiando com relação à melhoria no sistema de abastecimento da água do município”, pontuou.
Água salgada
Oliveira relatou também que a foz do rio São Francisco tem sofrido com a salinização da água, que ocorre quando as vazões estão mínimas. O rio perde a sua força, e o mar avança para dentro do rio. A salinização prejudica o abastecimento, a pesca, já que acaba com as espécies nativas do rio. Mas o prejuízo maior é da população. “Temos como exemplo a comunidade do Povoado Potengy, em Piaçabuçu. Podemos dizer que hoje uma comunidade passa sede à beira do rio São Francisco e isso é muito triste. Entendemos a necessidade de ser gerada a energia, mas temos condições de investir em outra matriz energética e assim desafogar essa responsabilidade colocada no Velho Chico. Fizemos alguns investimentos para diminuir o impacto de salinização junto às comunidades com a instalação do reator de osmose reversa, e acreditamos ser uma grande possibilidade de mitigação do problema”, revelou Otávio Augusto.
Turismo
“Piaçabuçu é um município rico culturalmente e ambientalmente porque dispõe da foz do rio São Francisco e outras belezas naturais muito visitadas por turistas”, destaca o vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira.
Apesar disso, segundo a secretária de Turismo, Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Piaçabuçu, Djinha Beltrão, que está no cargo há três meses, a pandemia da Covid-19 desacelerou o turismo, um dos pontos fortes da região. Nesse meio tempo, a gestão está planejando o futuro. “Estamos aproveitando esse momento para planejar e organizar ações que visem a melhoria do turismo e do meio ambiente, em especial das águas do Velho Chico que nos traz tantos benefícios. É preciso cuidar e preservar o rio que é fonte de vida, alimento, sustento”, explica Djinha.
Djinha Beltrão, secretária de Turismo, Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Piaçabuçu
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Deisy Nascimento
Fotos: Edson Oliveira