Localizada à margem direita do rio São Francisco, Paratinga está entre os municípios mais antigos da Bahia: a ocupação da região por portugueses data do século 16. Até o início do século 18, tinha configuração de aldeia, formada em uma fazenda de criação de gado e depois usada como ponto de passagem e pousada de boiadeiros e viajantes que transitavam entre Minas Gerais e o interior da Bahia. O rio São Francisco e as inúmeras lagoas da região, a fertilidade das terras e o comércio de gado fizeram crescer a população e a ocupação urbana. Até hoje, a cidade abriga diversas construções com características barrocas.
Paratinga dispõe de várias ilhas, incluindo a maior ilha fluvial do rio São Francisco, a Ilha de Paratinga. Pelo município também passam os afluentes Riacho do Santo Onofre, Riacho Santa Rita e Riacho do Paulista, que junto ao rio principal são responsáveis pela distribuição de água potável em todo o município. No distrito de Águas do Paulista e no povoado Brejo das Moças existem fontes termais que estão entre as principais atrações para visitantes. A cobertura vegetal de Paratinga é formada pela caatinga, típica do sertão nordestino, onde se encontram umbuzeiros, umburanas, barrigudas, macambiras e caroás. A região é de pouca chuva, mas alta fertilidade.
Apesar da abundância dos fatores naturais, quem conhece o município atualmente manifesta preocupação com o assoreamento do rio e a consequente formação de bancos de areia. Moradores indicam lugares nos quais, hoje, é possível caminhar, mas que há 20 anos estavam a 15 metros de profundidade. Áreas onde, em um passado recente, barcos navegavam servindo para estacionamento de carros e o desaparecimento de diversas lagoas alertam para os problemas ambientais que afetam o Velho Chico.
Para debater os desafios ambientais da bacia e mobilizar a população em defesa da revitalização do rio São Francisco, este ano Paratinga irá sediar a campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”, anualmente promovida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF). Com o mote “Velho Chico: gentes, tradições, vidas”, a campanha de 2023 destaca o patrimônio cultural e natural dos povos tradicionais da bacia, entre os quais quilombolas, indígenas, pescadores artesanais, vazanteiros, geraizeiros, ciganos e povos de terreiros.
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“A programação em Paratinga inclui palestras, stands de todas as secretarias municipais, órgãos convidados e barracas com exposição de produtos da agricultura familiar, além de uma rica programação cultural”, explicou o coordenador da CCR Médio São Francisco, Ednaldo Campos. Na avaliação do coordenador, a campanha também traz à tona questões do cenário nacional, como o esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente, a Lei das Águas e a gestão democrática e participativa dos recursos hídricos.
A 10ª edição da campanha “Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico” terá início às 7h50 do dia 03 de junho e irá envolver estudantes, educadores, artistas e população em geral. As ações da Campanha Vire Carranca irão acontecer simultaneamente em Felixlândia (MG), Paratinga (BA), Floresta (PE) e São Brás (AL).
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Carvalho
*Fotos: Geovana Jardim