O ofício de lavar roupa à beira do rio ainda é resguardado por centenas de senhoras nas regiões ribeirinhas do rio São Francisco. Elas acordam cedo, com o raiar do “sol do Chico”, e partem com as roupas para a beira do rio.
Antigamente, as lavadeiras passavam pelas ruas da cidade carregando o filho menor no colo, vestidas com saias de retalhos coloridos e equilibrando pesadas trouxas de roupas na cabeça. Hoje em dia, usam o carrinho de mão para o transporte das roupas e já não cantam os lamentos da profissão. As ladainhas entoadas pelas lavadeiras de antigamente ficaram nos livros. Agora, a canção sertaneja, de axé, arrocha e brega ganham voz na boca dessas ribeirinhas guerreiras.
Em Propriá, distante 99 km de Aracaju, na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas, as lavadeiras ainda mantêm a tradição de bater a roupa nas pedras para retirar o excesso do sabão, da água e da sujeira. Depois da lavagem primitiva, espalham as roupas na beira do rio.
Na cidade de Brejo Grande, lavanderias são improvisadas dentro do rio. As lavadeiras não batem as roupas nas pedras à beira rio como fazem em Propriá. Com um tacho e cadeiras improvisadas realizam a lavagem sem tanquinho.
Amaciantes, alvejantes, sabão com dupla ação e perfumados são artigos de luxo. O segredo para ter roupas sempre branquinhas é secar ao sol e muita água. Um, dois, três enxágues. Pronto para quarar.
Muitas lavadeiras do São Francisco escolheram lavar roupa como profissão. A “roupa de ganho” (quando se cobra pelo trabalho) é o sustento de várias famílias ribeirinhas. Essa é uma das razões por que queremos um Velho Chico Vivo!