O Rio São Francisco é o maior rio inteiramente brasileiro. Ele percorre 2.863 km, passando por seis estados (MG, GO, BA, PE, AL e SE), além do Distrito Federal.
A sua Bacia Hidrográfica engloba 505 municípios. Bacia Hidrográfica é a área ou região de drenagem de um rio principal e seus afluentes. É a porção do espaço em que as águas das chuvas, das montanhas, subterrâneas ou de outros rios escoam em direção a um determinado curso d’água, abastecendo-o.
Possui 168 afluentes, que são rios que deságuam em sua calha e tem um papel muito importante: eles são as veias capilares de uma bacia hidrográfica e tem o poder de influenciar na quantidade e na qualidade das águas. Mas, quando um rio afluente é poluído, provavelmente levará parte dessa poluição para o rio principal também.
Os biomas predominantes na Bacia do Rio São Francisco são o Cerrado, que cobre praticamente metade da Bacia (Minas Gerais e oeste e sul da Bahia), e a Caatinga que domina as áreas de clima árido e semiárido, como Bahia, Pernambuco e oeste de Alagoas e Sergipe. A Mata Atlântica é predominante na região onde ocorre maior umidade no solo, ao longo de rios, formando as matas ciliares. Localiza-se em Minas Gerais e nas faixas costeiras de Sergipe e Alagoas (Alto e Baixo São Francisco).
DIVISÕES REGIONAIS DA BACIA E AFLUENTES
A grande dimensão territorial da bacia do Rio São Francisco motivou a sua divisão por regiões, para facilitar o planejamento e a localização das suas muitas e diversas populações e ambiências naturais. A divisão se fez de acordo com o sentido do curso do rio e com a variação de altitudes.
Alto São Francisco (235.635 km²)
Da nascente (São Roque, MG) até as bacias do Rio Verde Grande e do Rio Carinhanha, incluindo todo o estado de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e uma pequena porção do extremo Sul da Bahia.
Médio São Francisco (266.972 km²)
Começa no trecho a jusante das bacias do Rio Verde Grande e Rio Carinhanha e se estende até a barragem de Sobradinho. A região compreende a maior parte do estado da Bahia.
Submédio São Francisco (110.446 km²)
Inicia-se no ponto imediatamente a jusante da barragem de Sobradinho e se estende até a barragem de Paulo Afonso. Compreende os estados da Bahia e Pernambuco.
Baixo São Francisco (25.523 km²)
Inicia-se no ponto imediatamente a jusante da barragem de Paulo Afonso até a foz do Rio São Francisco, englobando Alagoas e Sergipe.
PRINCIPAIS AFLUENTES
O Rio São Francisco é um rio “principal” e desemboca no Oceano Atlântico, no município de Piaçabuçu (AL). Em toda a sua extensão, ele recebe água de 168 afluentes divididos entre as suas margens esquerda e direita. Os principais são:
Margem esquerda Margem direita
Rio Indaió – MG Rio Paraopeba – MG
Rio Abaeté – MG Rio das Velhas – MG
Rio Paracatu – MG Rio Verde Grande – MG
Rio Carinhanha – BA Rio Verde Pequeno – BA/MG
Rio Grande – BA Rio Paramirim – BA
CAATINGA:
O único bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga ocupa o equivalente a 11% do território nacional, concentrado na região nordeste do país. Ela cobre grandes faixas do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e também a parte do norte de Minas Gerais.
O clima é semiárido nas regiões em que a Caatinga predomina. Suas características são a baixa umidade e o pouco volume de chuvas com períodos longos de estiagem. E é por isso que esse bioma é formado apenas por espécies vegetais que conseguem sobreviver nessas condições.
Metade da Bacia do Rio São Francisco está situada na Caatinga, principalmente o Submédio São Francisco. O Velho Chico atravessa terrenos quentes e secos pelo seu caminho até o mar e, por isso, é fundamental para a vida desse bioma que sofre com o desmatado acelerado.
CERRADO:
O Cerrado é o segundo maior bioma do país e a sua flora é a mais antiga da Terra. Ocupa cerca de 25% do território nacional e é onde metade da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco está situada. Possui as maiores reservas subterrâneas de água doce do mundo, que abastecem as principais bacias hidrográficas do Brasil. Por isso, é considerado a “caixa d’água” do país.
O bioma abrange os estados brasileiros Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Piauí e Bahia. Algumas espécies da fauna do cerrado estão ameaçadas de extinção, como o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra e o lobo-guará. É preciso preservar a savana mais rica em biodiversidade do mundo para que o equilíbrio do planeta e vida futura.
MATA ATLÂNTICA:
A Mata Atlântica é predominante nas regiões onde ocorre maior umidade no solo, ao longo de rios, formando as Matas Ciliares. Na Bacia do Rio São Francisco, ela é encontrada em Minas Gerais e nas faixas costeiras de Sergipe e Alagoas (Alto e Baixo São Francisco). Suas florestas são fundamentais para a manutenção dos processos hidrológicos assegurando a quantidade e qualidade da água potável para os brasileiros e para os mais diversos setores da economia nacional como a agricultura, a pesca, a indústria o turismo e a geração de energia.
Os rios e lagos da Mata Atlântica abrigam ricos ecossistemas aquáticos, grande parte deles ameaçados pela poluição, assoreamento, desmatamento das matas ciliares e represas feitas sem os devidos cuidados ambientais.
A ictiofauna do Rio São Francisco compreende mais de 300 espécies de peixes de água doce. Deste total, 241 são espécies nativas, 35 são espécies invasoras e 28 delas foram introduzidas na bacia via piscicultura ou aquarismo.
Alguns dos peixes que habitam o São Francisco: Pirá, Surubim, Dourado, Curimatã, Matrinxã, Pirambeba, Piau-três-pintas, Mandi Prata, Cascudo, Xira, Curimbatá.
O período da Piracema e os peixes rio acima
De outubro a março, o Rio São Francisco torna-se cenário de um espetáculo da natureza, a piracema. Milhares de peixes nadam contra a correnteza, em um ambiente propício para realizarem a desova no período da reprodução.
Nessa época, as águas sanfranciscanas ficam mais quentes e algumas espécies, como o curimbatás, chegam a nadar até 43 quilômetros de rio, em apenas 24 horas.
Por subirem o rio em grandes cardumes, os peixes se tornam presa fácil dos pescadores e, por isso, a pesca é proibida nessa época. O período chamado defeso considera ilegal a pesca comercial, caso o pescador seja encontrado com mais de três quilos de peixe pela fiscalização, ele é obrigado a pagar uma multa.
Vazanteiros (ou Barranqueiros) – Os povos que vivem nas beiradas e ilhas do rio, e ali trabalham, costumam se autodenominar como vazanteiros ou barranqueiros, dependendo da região. É a gente que mora no espaço inundável, onde, temporariamente, planta e colhe, até que a cheia apareça. Esses homens e mulheres da margem do São Francisco definem o tempo de suas vidas de acordo com o tempo do rio, e por isso estabelecem laços de pertencimento e de dependência com o ambiente.
Comunidade dos Fundos e Fechos de Pasto – os modos de vida das comunidades de fundo e fecho de pasto estão diretamente ligados à terra e ao bioma onde vivem. Eles desenvolvem atividades como a criação livre de animais de pequeno porte, principalmente caprinos (fundos), e de gado (fechos) – que se alimentam da própria vegetação nativa – como alternativa a uma agricultura em uma região marcada pela seca. Além disso, em fundos e fecho de pasto as comunidades compartilham uma área sem cercamento.
Geraizeiros – São as mulheres e homens do Cerrado que, às margens do Rio São Francisco, se adaptaram com sabedoria às características do bioma e às suas possibilidades de produção.Muitas vezes, eles dividem uma propriedade comum, conhecida como quintais, onde plantam e criam animais. Dessa forma, garantem a subsistência familiar e comunitária. O excedente é comercializado em comunidades vizinhas ou em feiras.
Quilombolas – Conforme a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), quilombo tem origem em um dos idiomas banto, o quimbunco, que quer dizer: “sociedade formada por jovens guerreiros que pertenciam a grupos étnicos desenraizados de suas comunidades”. Fruto da resistência ao modelo escravagista do Brasil colônia, as comunidades quilombolas continuam a luta pela titulação de seus territórios, de sua cultura, tradições e modos de viver.
Pescadores artesanais – Mão de obra familiar, em pequenas embarcações ou sem elas, respeito e uma enorme intimidade com as águas que alcançam uma condição sagrada. Essas são características que marcam a pesca artesanal. Os pescadores artesanais possuem um enorme conhecimento local sobre vento, maré, cheias e vazantes, posição dos cardumes, entre outros. Eles aliam esse saber com técnicas tradicionais de pesca e navegação.
Povos originários – Os indígenas são os povos mais antigos do Brasil, por isso denominados povos originários. Cerca de 70 mil habitam a bacia do rio São Francisco. São 32 povos indígenas vivendo e sobrevivendo desse rio. Mesmo sofrendo com constantes tentativas de expulsão de suas terras, e correndo o risco de perderem os direitos conquistados na Constituição de 1988, nossos povos originários permanecem firmes na luta pela conservação dos seus modos de vida que têm por princípios o respeito e a defesa da natureza, com profundo zelo e senso de pertencimento.
Extrativistas – o extrativismo se dá com a coleta de produtos naturais, sejam eles de origem animal, vegetal ou mineral. Até hoje, povos e comunidades extrativistas se agrupam para a extração e a coleta enquanto atividade econômica e de subsistência. São pequenos agricultores que possuem culturas distintas, que desenvolvem seus modos de vida e produção alinhados com a lógica do ecossistema que habitam. Possuem um conjunto amplo de saberes oriundos das percepções e relação direta com o meio ambiente.
Caatingueiros – Tanto o modo de vida quanto o modo de produção dos caatingueiros estão completamente ligados ao bioma da Caatinga. São, na maioria, descendentes de imigrantes europeus e conservam traços familiares e culturais desses povos. Eles se caracterizam pelo caráter mercantil de produção. Produzem grande diversidade agrícola (feijão, milho, sorgo, algodão, verduras, legumes e frutas nativas) e produtos derivados do leite (queijo, requeijão, ricota, doces, leite, entre outros). Além disso, criam gados que se alimentam das pastagens nativas da região, que possui solo fértil, mas que, constantemente, sofre com a seca.
Povos de terreiro – Povos e Comunidades de terreiro são aquelas famílias que possuem vínculo com casa de tradição de matriz africana – chamada casa de terreiro. Esse espaço congrega comunidades que têm características comuns, como a manutenção das tradições de matriz africana, o respeito aos ancestrais, os valores de generosidade e solidariedade, o conceito amplo de família e uma relação próxima com o meio ambiente. Essas comunidades possuem uma cultura diferenciada e uma organização social própria, que constituem patrimônio cultural afro-brasileiro.
Ciganos – No Brasil, existem vários grupos que compõem os povos ciganos, por exemplo: os Rom, os Sinti, os Calon. Estão distribuídos em todos os estados da Federação e no Distrito Federal. Cada um desses grupos étnicos possui dialetos, tradições e costumes próprios. Muitos deles ainda estão voltados às atividades itinerantes tradicionais da cultura cigana, porém nem toda pessoa de etnia cigana é nômade.
Vaqueiro – conhecidos pelos trajes de couro (que os protegem da vegetação espinhosa e do sol quente) e por percorrer o sertão a cavalo e cuidar de gado, os vaqueiros tem como grande desafio a busca por água, o que faz com que percorram grandes distâncias até onde haja uma fonte para os animais. O vaqueiro é tão importante no cenário da Caatinga, que até possui um dia nacional, 20 de julho, bem como celebrações tradicionais como as vaquejadas, uma forte expressão popular da Caatinga.
Ribeirinhos – Povos ribeirinhos ou ribeirinhas são aqueles que residem nas proximidades dos rios e têm a pesca artesanal como principal atividade de sobrevivência. Cultivam pequenos roçados para consumo próprio e também podem praticar atividades extrativistas e de subsistência.
O Rio São Francisco é muito mais do que um rio. Ele faz parte da vida das pessoas que vivem à suas margens de uma forma tão marcante, que muitos chegam a acreditar que o rio tem vida própria. As lendas populares afirmam essa teoria e em uma delas o Velho Chico tem direito até ao seu sono de beleza.
A Lenda da Origem do Rio
Diz a lenda que o Rio São Francisco nasceu assim: lá na região da Serra da Canastra havia uma tribo indígena, onde morava uma linda índia chamada Irati. Um dia, o seu amado, um bravo guerreiro da tribo, saiu com outros homens da aldeia para lutarem contra a invasão dos homens brancos. Era enorme a quantidade de guerreiros. Eram tantos que os seus passos afundaram a terra formando um grande sulco. O noivo de Irati nunca mais voltou. Saudosa do companheiro e inconsolável com a perda, ela sentou-se numa pedra e chorou copiosamente, por dias seguidos. Suas lágrimas escorreram pelo chapadão despencando do alto da serra formando uma linda cascata, e caindo no sulco criado pelos passos dos Guerreiros, escorreram para o norte e lá muito longe se derramou no oceano, e assim se formou o Opará, rio-mar na linguagem indígena, o Rio São Francisco.
Carrancas
A presença das carrancas era marcante na proa das embarcações do São Francisco, do final do século 19 até meados do século 20. As figuras antropomórficas, meio bicho, meio gente tem imagem assustadora, mas com o poder de espantar mau-olhado, espíritos brincalhões, azar e assombrações, de acordo com os moradores locais. Eles contam que as carrancas também eram capazes de afastar jacarés, que na época habitavam o rio, e outras coisas ruins.
Nego d’Água ou Caboclo d’Água
Tem também o Nego d’Água, que habita a profundeza dos rios e com suas gargalhadas assusta os pescadores e lavadeiras que não o agradam com peixes, fumo de mascar e pinga. Ainda segundo a lenda, O Nego D’água costuma virar a canoa dos pescadores que pescam durante a Piracema ou que pescam de forma prejudicial ao meio ambiente.
A lenda do sono
A lenda do sono conta que o Velho Chico, que trabalha o dia inteiro para atender as necessidades das pessoas, adormece à meia noite. Esse é o momento em que as almas dos afogados se dirigem para as estrelas, a mãe d’água sai das águas e enxuga seus cabelos, os peixes param no fundo do rio e até as cobras perdem o seu veneno. Essa calmaria pode parecer o momento ideal para se pescar e navegar, mas a lenda conta que o despertar do rio pode custar caro.
Serpente da Ilha do Fogo
Dizem também que, há muito tempo atrás, uma menina que morava na cidade de Juazeiro era possuidora de uma grande beleza. Certo dia, nas margens do Velho Chico, ela permaneceu por muitas e muitas horas olhando seu reflexo nas águas que estavam cristalinas e acabou esquecendo das horas e da sua casa. Quando chegou às 18 horas, no badalar do sino, ela se transformou em uma gigante e terrível serpente, essa é a lenda da Serpente da Ilha do Fogo.
Minhocão
O Minhocão é destaque entre as lendas do Velho Chico, ele seria uma serpente gigantesca, fluvial e subterrânea, que viveria no rio. Reza a lenda que o Minhocão seria capaz de se locomover por debaixo da terra, chegando até as cidades, sendo capaz de desmoronar casas e servindo de explicação para fenômenos de desnivelamento.
Lenda da Mãe d’Água
A Mãe d’Água é uma sereia que vive no Rio São Francisco. Para os barqueiros, o rio dorme quando é meia-noite, permanecendo adormecido por dois ou três minutos. Neste momento, a Mãe d’Água vem para fora, procurando uma canoa para ela sentar-se e pentear seus longos cabelos. Mas se um pescador vê essa sereia, é tomado por um feitiço. Não adianta chamá-lo. O amaldiçoado ganha um olhar vazio, perde o destino, enlouquece e, por fim, acaba desaparecendo.
Todos nós consumimos água e sabemos de sua importância no nosso dia a dia. Mas você já pensou nos diferentes usos que as águas podem ter? O Rio São Francisco apresenta vários desses usos. Os agricultores precisam captar água do rio para irrigar a sua plantação, os pecuaristas necessitam da água do rio para a criação de animais, as cidades captam água para o abastecimento público, as indústrias precisam de água no seu processo de produção. Os usos múltiplos abrangem abastecimento público, agricultura, indústria, geração de energia, navegação, pesca e aquicultura, turismo e recreação, entre outros.
Abastecimento Urbano
A água que é encontrada na natureza não é própria para consumo. Mesmo quando cai em forma de chuva, ainda contém impurezas. E quando toca o solo, absorve substâncias impuras alterando ainda mais sua qualidade.
Para ser considerada água própria para consumo é necessário que se atenda alguns requisitos de potabilidade. Um sistema de abastecimento de água consiste no conjunto de obras, equipamentos e serviços com o objetivo de levar água potável para uso no consumo doméstico, indústria, serviço público, entre outros.
Indústria:
Outro importante uso da água é o industrial. A intensidade do uso de água depende de vários fatores, dentre eles, o tipo de processo e de produtos. As indústrias que fabricam produtos alimentícios, bebidas, celulose, papel e produtos de papel, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, produtos químicos e metalurgia correspondem, somadas, a cerca de 85% da demanda hídrica de vazões de retirada e cerca de 90% das vazões consumidas pela indústria nacional, sendo considerados os setores com maior uso de água no Brasil.
Geração de energia:
A energia hidrelétrica é considerada uma fonte de energia limpa por utilizar uma fonte renovável e que não emite poluentes decorrentes da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo. Por outro lado, a construção da maioria das hidrelétricas exige alagamentos expressivos e parte do volume de água dos reservatórios é perdido por evaporação. Na bacia do São Francisco existem seis usinas hidrelétricas: Três Marias, Sobradinho, Apolônio Sales, Luiz Gonzaga, Paulo Afonso – I, II, III e IV e Xingó.
Navegação
A hidrovia do São Francisco é considerada a mais econômica via de interligação entre o as regiões centro-sul e o Nordeste do Brasil. Ela se estende pelos rios São Francisco, Paracatu, Grande e Corrente, totalizando 2.354 km de extensão. Além de integrar uma importante cadeia multimodal de exportação de produtos agrícolas, ainda permite o transporte de passageiros e atividades turísticas. O Velho Chico apresenta diversas características físicas que o tornam navegável em determinados trechos e impróprios à navegação em outros.
Turismo e Lazer
O Rio São Francisco conta com diversos pontos turísticos, desde a nascente até a foz. Em Minas Gerais, os maiores atrativos são a nascente e a cachoeira Casca d’Anta, localizadas na Serra da Canastra. Na Bahia, o rio São Francisco corre por um vale entre paredões rochosos. Em meio ao sertão alagoano, desponta o Cânion do Xingó. Piaçabuçu (AL) é onde o rio deságua no mar. Estes são apenas alguns, pois o Velho Chico tem seu curso repleto de belos cenários que valem a visita.
Pesca e Aquicultura
A pesca profissional, praticada de forma artesanal, é uma das atividades mais clássicas de trabalho no rio São Francisco, havendo milhares de famílias ribeirinhas que se dedicam a essa ocupação, por vezes há mais de uma geração. A piscicultura em tanques-rede é a criação de peixes para consumo humano e ocorre principalmente nas regiões do submédio e baixo São Francisco.
Irrigação
A irrigação é uma técnica milenar que tem como finalidade disponibilizar água às plantas para que estas possam produzir de forma adequada. A técnica, ao longo dos séculos, vem sendo aprimorada, chegando aos dias de hoje a sistemas pontuais, onde a água é gotejada no momento, local e quantidade correta ao desenvolvimento das plantas. Dentre os diversos perímetros irrigados na bacia do rio São Francisco pode-se destacar aqueles situados ao redor das cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).
Alto são Francisco
O Alto São Francisco abrange aproximadamente 17,5% da bacia do Rio São Francisco. A região é conhecida pela tranquilidade e hospitalidade de seus habitantes. Sua culinária é marcada por pratos típicos como o frango com quiabo e o pão de queijo. As manifestações folclóricas incluem Congado, Reisado e festas religiosas. A região é rica em diversidade cultural, com raízes profundas e costumes preservados ao longo do tempo.
No Alto São Francisco prevalece a produção de cana-de açúcar, soja e milho, e em menor medida, tomate, banana, sorgo, feijão, batata, cebola, alho e algodão. A pecuária leiteira é predominante no Alto SF. Na região, a Usina Hidrelétrica de Três Marias é uma das grandes geradoras de energia.
Médio São Francisco
O Médio São Francisco é uma região marcada pela forte religiosidade, especialmente representada por Bom Jesus da Lapa, conhecida como a Capital Baiana da Fé, onde acontece a terceira maior romaria do Brasil em agosto. A culinária local destaca-se pela presença de ingredientes como farinha de mandioca, carne-seca, café e rapadura. Próximo a Salvador, a gastronomia é reconhecida pelo sabor picante e pelo uso do azeite de dendê. Além disso, a região é rica em manifestações folclóricas, como os festejos de Santos Reis, a Marujada e a Caretagem. A população é acolhedora, e as tradições culturais estão enraizadas na memória das pessoas e nos monumentos históricos locais.
No médio São Francisco, destacam-se a produção de soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, mandioca, feijão, cebola e banana.
Submédio São Francisco
A região do Submédio São Francisco é rica em cultura e tradição. O Samba de Véio, uma manifestação folclórica com cerca de 120 anos de história, é uma das expressões mais marcantes da cultura popular brasileira na Ilha do Massangano, em Petrolina (PE). Além disso, a literatura de cordel e o repente têm fortes raízes no sertão pernambucano, especialmente na região do Pajeú. Lendas como a do Nego d’Água e de Iara, representadas por esculturas monumentais do artista Ledo Ivo, também fazem parte do imaginário local. A gastronomia é apreciada, com destaque para pratos tradicionais como carne de sol, carneiro, peixes como Cari e Surubim, além da mandioca, conhecida como aipim, e a carne de bode, considerada a mais famosa da região.
O Submédio São Francisco tem como destaque o polo de fruticultura Petrolina-Juazeiro, um dos maiores polos produtores de frutas do Brasil – como manga, uva, banana, goiaba, melancia. Na pecuária, o predomínio é de caprinos e ovinos. As UHEs Luiz Gonzaga e Sobradinho estão localizadas na região.
Baixo São Francisco
O artesanato é uma expressão cultural forte no Baixo São Francisco, onde peças feitas de palha, cerâmica, madeira, couro, casca de coco e fibra de bananeira, além de bordados e rendas, são fontes de renda importantes para as comunidades locais. O tema do Cangaço é representado no artesanato da região, refletindo o imaginário das populações ribeirinhas. A gastronomia, influenciada pelas tradições indígenas, africanas e portuguesas, destaca-se por pratos como guaiamum e caranguejo em Sergipe, e pitu em Alagoas. As manifestações folclóricas, como Pastoril, Reisados e Quadrilhas, ocorrem ao longo do ano, especialmente durante o período natalino e festas religiosas.
No Baixo São Francisco, o principal produto agrícola é a cana-de-açúcar, sendo também o cultivo de mandioca significativo na região. A região abriga a UHE Xingó (SE) e o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso (I – BA, II, III, IV e Apolônio Sales / Moxotó – AL).